Arquivo da categoria: Arte

Artigos sobre arte em geral: pinturas, música, cinema e teatro, entre outros assuntos deliciosos.

Primeiro levaram os negros

Primeiro levaram os negros

Bertolt Brecht (1898-1956)

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo

Bertolt Brecht (1898-1956)

O bêbado e o equilibrista

O bêbado e a equilibrista

Letra: João Bosco Vocais: Elis Regina, 1979

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco
Louco
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil

Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar, mas caía

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me…

 

Letra: João Bosco Vocais: Elis Regina, 1979

Minha Liberdade de Pensar

Minha Liberdade de Pensar – Florent Pagny (2003)

Deixei todos os meus filhos e a TV, minha escova de dentes, meu revólver. O carro que já está pronto
Com os bloqueios do banco, leve minha esposa, o sofá. O micro-ondas, a geladeira e até minha vida privada.
Em qualquer caso, eu posso vender minha alma ao Diabo. (Com ele tudo podemos “arranjar”.)
Já que aqui tudo é negociável, mas você não terá minha liberdade de pensar.

Pegue minha cama, os discos de ouro, meu bom humor
As colheres de chá, e tudo que você achar valioso
E dos quais eu não tenho mais nada a fazer, pode levar tudo: não esqueça da merda escondida debaixo do tapete.
Tudo que é lindo e faz diferença pra mim, eu prefiro que vá para Abbé Pierre. (instituição de caridade).
Eu posso dar meu corpo para ciência, se houver alguma coisa para retirar.
E isso lhe dá uma boa ideia, mas você não terá minha liberdade de pensar.
(Minha liberdade de pensar)

Eu posso esvaziar meus bolsos na mesa.
(Eles estão há muito tempo furados)
Pode levar minhas calças, mas não terá minha liberdade de pensar.

Pegue tudo e leve para vender em seus pequenos negócios.
Eu só pego meu pijama listrado e te dou laranjas de presente.
Você pode ficar com tudo.
(Afinal) Eu não vou levar nada pro inferno.
Apesar de tudo, prefiro ir para lá se (aqui) me oferecem o paraíso.
Eu posso vender minha alma ao Diabo, com ele tudo podemos “arranjar”.
Por aqui tudo é negociável, mas você não terá minha liberdade de pensar
(Minha liberdade de pensar)

Campanha anti-trote USP-2005

Memórias: ao final da graduação em publicidade na USP, havia uma competição entre os alunos de publicidade para o desenvolvimento de peças publicitárias contra o “trote”. Tendo em vista que o maior número de reclamações no “disque-trote”, à época, era a pintura nos rostos dos aprovados, desenvolvemos a campanha vitoriosa destacando a violência através de tarjas pretas nos rostos dos modelos ao mesmo tempo em que construímos um texto cujos termos tinham origem na arte da pintura.

A campanha foi exposta em todos os campi da Universidade de São Paulo. Abaixo, duas peças exemplificativas.